Agora, todos os dias, repete-se o mesmo ritual:
-Mamã, poxo sair da minha caminha branca?
Eu, ainda meia sonolenta respondo que sim e passados uns segundos lá está ela (e o hipopotamo) ao pé de mim. Encosta-se a mim e enquanto partilhamos a almofada diz um "abraça-me" e eu abraço-a, cheiro-a, beijo-a e aninho-me. A mãozinha dela procura a minha orelha e eu encaixo o meu nariz no pescoço dela e ficamos assim, ali, a contemplarmo-nos, a sentirmo-nos, a amarmo-nos. Ficamos ali assim naquele silêncio uns longos e apetecíveis minutos. Dá-me um beijo, diz que me adora, retribuo, e o silêncio dá lugar a uma melodia, diz do que lhe vai na alma, verbaliza o que a mente a borbulhar lhe dita, e eu em silêncio, alimento a alma de toda essa vida. Fala o quanto gosta dos avós, o quanto adora a sua receita preferida (pizza), e canta a mala cor de rosa e a rosa arredonda a saia, conta-me das suas borbulhas e de como está preocupada com o boneco animado XPTO, abraça-me ainda mais, pede-me para beijar o seu inseparável peluche hipopotamo, e diz que me quer contar uma história, e que pexija falar comigo, ela conta e fala, eu estou a ouvir. Dá-me mais um beijo e pede-me "Acoda mamã! São quato e meia!" (na verdade já são 8h30), eu estou acordada e desperta e absorver tudo como uma esponja.
Acordamos as duas, ela feliz e pronta para o dia, e eu também feliz e pronta para a vida!